Assim se chama o novo disco de uma das maiores bandas portuguesas da atualidade, que promete mostrar um lado mais pessoal do Francisco Pereira, do Miguel Coimbra e do Miguel Cristovinho. Neste álbum vais encontrar canções mais digitais e outras em formato acústico, numa celebração de tudo o que é D.A.M.A. Esta é a nossa conversa com eles!
O novo disco dos D.A.M.A chama-se Lado a Lado porque há dois registos diferentes – um mais digital e outro mais acústico? Porquê esta opção?
Nós gostamos que os nossos discos tenham títulos com mais que um significado… Essa é uma das principais razões, e a outra tem a ver com termos querido dar às pessoas, e aos nossos fãs concretamente, que sempre estiveram connosco desde o início. Andamos lado a lado com eles e eles connosco!
Por outro lado, também não queremos que as pessoas achem que temos um Lado A e um Lado B. Temos um só lado, e este disco reflete apenas uma opção que deriva das diferentes sonoridades que nele podem encontrar.
E essas sonoridades diferentes significam que os vossos fãs vão encontrar neste disco coisas que não estão habituadas a ouvir nos D.A.M.A?
Este é um disco tipicamente D.A.M.A, na medida em que foi feito com toda a verdade que nós colocamos quando estamos a criar. Não pensámos fazer músicas mais digitais, foram as nossas vivências e o tipo de som que andámos a ouvir ao longo deste tempo que nos levaram a isso. E os nossos fãs vão sentir que aqueles somos nós!
Agora, em relação à forma como compusemos e escrevemos, vão encontrar algumas diferenças porque nós crescemos e, à medida que isso acontece, as nossas influências vão-se alterando. Somos artistas, o que vivemos é o que nos inspira, e este disco é o resultado do que vivemos nos últimos meses!
“Escrever na primeira pessoa reflete a nossa forma de sentir as coisas. As nossas músicas acabam por ser sempre para alguém que nos é próximo, e essas pessoas também vão senti-las dessa forma e torná-las suas, esperamos nós!”
Muitas das canções deste disco estão na primeira pessoa e parecem ser dirigidas a alguém. Foi premeditado? Significa que este é um disco mais pessoal?
Foi uma consequência natural das coisas. De facto reparámos nisso há pouco tempo, e nós gostamos que assim seja porque quem gostar de ouvir D.A.M.A vai tornar cada uma destas músicas um bocadinho mais sua, e provavelmente vai relacioná-las com alguma situação da sua própria vida. A escrita na primeira pessoa também ajuda a que as pessoas oiçam as canções e sintam que estão elas próprias a cantá-las a alguém.
Contudo, nada disto foi premeditado, é apenas a nossa forma de sentir as coisas e de as escrever. De resto, as nossas músicas acabam por ser sempre para alguém que nos é próximo, e essas pessoas também vão senti-las dessa forma e torná-las suas, esperamos nós!
Este disco é quase todo produzido por vocês. Fazem-no mais por vontade ou por necessidade?
Quando estamos a produzir uma canção, temos uma ideia de onde queremos chegar. Se virmos que sozinhos não conseguimos chegar lá, pedimos ajuda – e os discos anteriores foram um reflexo disso. No Lado a Lado chegámos a um ponto em que começámos a olhar para as nossas maquetes e a concluir que elas não precisavam de mais nada. Isso deu-nos confiança para abordarmos todas as canções dessa mesma forma, com exceção de duas que são “apenas” co-produzidas por nós. Em todas elas o nosso cunho e os nossos sons estão lá.
Um desses dois exemplos é o Friozinho na Barriga, uma bossa nova que pedia a produção de alguém mais habituado a criar estes ritmos, como é o caso do Diogo Clemente.
De resto, este é um álbum mais “caseirinho”, onde grande parte das músicas foram feitas em casa, e no qual também participam pessoas que já fazem parte da nossa casa – a capa do disco foi feita pelo irmão do Miguel, ele e a irmã do Miguel colaboram em algumas canções, bem como outras pessoas que estão ligadas a nós por motivos que vão para lá da música.
Os artistas têm uma tendência cada vez maior para lançar primeiro vários singles, e só depois o disco. Vocês também o fazem. Porquê?
Com o Pensa Bem e com o Não Comeces quisemos mostrar às pessoas o nosso Lado B, e depois lançámos Oquelávai, que baralhou um bocadinho a malta… Houve quem tivesse ficado a pensar no que raio seria agora a música dos D.A.M.A! (risos) A ideia não era bem essa, mas sim levantar um bocadinho o véu de um outro lado que também é nosso, que é o Lado B. Agora com o disco disponível, toda a gente vai perceber a junção das duas coisas, e que tudo isto é D.A.M.A.
Nós somos completamente favor desta nova abordagem que privilegia os singles, porque de facto é isso que mais marca as pessoas. Contudo, neste álbum há um conceito, e quando os álbuns têm um conceito é importante focá-los a eles também. E o conceito deste álbum é simples: Não criem estigmas sobre nós.
Quatro anos e três discos depois, como olham para o vosso percurso?
O que lá vai lá vai, e se só vai e não volta mais, diz-me o que é que tem. Estamos muito orgulhosos do que fizemos e muito agradecidos a toda a gente que nos ajudou a chegar onde estamos hoje. Nada disto seria possível se os fãs não gostassem da nossa música e não ajudassem a contagiar tantas outras pessoas. Mas a verdade é que o que conta é o agora, e agora há um álbum para mostrar e uma nova tournée para fazer. O que aconteceu faz parte de nós, guardamos as nossas memórias com muito carinho, mas tudo são momentos diferentes na vida de um artista.
E ao longo deste tempo, que memórias guardam com os vossos fãs?
É sempre mais o início, quando não somos famosos nem esperamos que nos abordem. Mas os nossos fãs sempre falaram connosco com respeito e para nos dizer que gostam do nosso trabalho, para nos pedir um autógrafo, uma foto ou qualquer outra recordação daquele momento, e nós fazemo-lo com gosto.
Claro que já fizeram pedidos originais, como autógrafos em ben-u-rons, cuspir para garrafas, os nossos atacadores… Depois, já houve esperas à porta de hotéis e já nos atiraram preservativos para o palco! Ou seja, há aquela frase “faz-me um filho” mas para nós é “não me faças um filho”!
Finalmente, o que têm a dizer aos fãs que ficaram desapontados pelo adiamento do vosso concerto de apresentação do novo disco no Campo Pequeno?
Nós não trabalhamos com coisas muito tangíveis e às quais consigamos delimitar grandes timings. É claro que eles têm de existir mas acima de tudo queremos mostrar o que fazemos da melhor forma possível. Atrasámos um pouco o disco e acabámos por ficar com apenas um mês para preparar o concerto do Campo Pequeno, num palco novo, com um conceito completamente novo e uma disposição de palco também totalmente nova. Adiámos um pouco o concerto mas vai valer a pena, vai ser um conceito muito especial.
[Entrevista: Tiago Belim]
[Fotos: Sony Music Portugal]